
A malabarista brilha sob a lona.
Seu sorriso-encantado vai colhendo aplausos por toda parte.
Seu vestido colorido-vivo guarda em si a menina e a moça que dialogam dentro dela.
A menina gargalhando expressões em timidez e travessura.
A moça equilibrando malabares em gracejo e poesia.
E a malabarista entra em cena temperando uma e outra no jeito de andar, de olhar, de chegar.
E assim se faz estrela na sua certeza e na contradição.
Seu corpo baila solto acompanhando a direção dos holofotes da canção verso a verso.
No apagar das luzes, no fechar das cortinas, ela retira a maquiagem e se recompõe dentro de uma calça jeans e uma básica preta.
E assim volta ao seu verdadeiro disfarce.
Sai vagando pela cidade, cumprindo tarefas, obedecendo os movimentos urbanos e fingindo um meio-sorriso.
Se guia pelo horóscopo da semana na certeza de que, cedo ou tarde, as luzes se
acenderão novamente sobre seus malabares trazendo de volta a menina e a moça engarrafadas dentro dela.