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segunda-feira, setembro 03, 2012

:: A Pele que Habito ::

Eu sou suspeita para falar de Almodóvar pois pra mim ele e Tarantino são os melhores diretores da cena "cult" "trash" cinematográfica atual. E como uma fã dedicada e apaixonada, vou tentar relatar a minha experiência ao assistir a sua última produção: A Pele que Habito.

A primeira cena do longa mostra uma mulher, seminua e aparentemente presa em um quarto, onde o Dr. Robert Ledgard (Antonio Banderas) passa a maior parte do tempo admirando e estudando-a. Ele é alucinado pela pele humana e nos primeiros minutos do filme compreendemos que ele pesquisa novas formas da recriar a pele com o objetivo de deixá-la mais resistente às influências externas. 




< as cenas da mulher no quarto são espetaculares, pela simplicidade da iluminação e complexidade dos ângulos, mistura linda de se ver. Na verdade eu tenho uma queda por enquadramentos fechados, onde o ator não tem medo de olhar pra tela >

Mergulhamos por alguns minutos na rotina desta misteriosa mulher chamada Vera e ao mesmo tempo flashs do passado de Robert aparecem no meio da narrativa. Sua esposa, após um acidente de carro, tem 100% do corpo carbonizado, e mesmo conseguindo sobreviver, ela ao descobrir a sua nova aparência, se suicida. Sua filha, Norma (Bianca Suárez) presencia a morte da mãe e adquire problemas mentais. Anos se passam em alguns frames, e ela já adolescente, durante uma festa de casamento, é estuprada. Após o ocorrido, Norma também se suicida.




< vale a pena prestar atenção nos diálogos de Robert e Vera, sutis e cheios de mensagens subliminares >

< podem me chamar de louca, mas a cena do estupro é, além de perturbadora, mística. Parece ter saído de um trecho de "O Banquete" de Platão >

Até aí, tudo bem, você pensa, ok mais um filme triste e dramático sobre um homem solitário que perdeu mulher e filha, mas, Amodóvar como sempre, tem o prazer de surpreender e nos tirar da linha linear de uma história normal.

Atormentado pela sua trágica história (adoro como Almodóvar aborda os dramas da vida), Robert descobre quem foi o homem que estuprou Norma e o sequestra para se vingar. Até então a pessoa fica sem entender a conexão da história de Robert com a da mulher presa no quarto e com o carinha sequestrado, mas Pedro sabe esconder bem o ouro =]




Cenas vão para o passado e voltam para o presente, nos deixando a cada minuto com mais um pulga atrás da orelha. Até que, tchan dan dan...Notamos uma breve semelhança entre o moço sequestrado e a mulher misteriosa...

< O tempo todo, o "x" da questão passa de frente às nossas fuças, mas só conseguimos se ligar no final...ai você pensa: putz, como é que eu não pensei nisso antes? >

Mas....esse "segredo" eu não vou contar! Não quero estragar o prazer de ninguém. Vai valer a criatividade e curiosidade de cada um. Só digo uma coisa: você não pode deixar de assistir =]

Só sei que o fim é, como sempre, dramático, louco e irônico, do jeitinho almodoviano de ser!




Ficha Técnica
Espanha, 2011. De Pedro Almodóvar. Com Antonio Banderas, Elena Anaya, Blanca Suaréz, Marisa Paredes. 

No mais...é isso!

By Carol Racional

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